O ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, não esperou nem mesmo a montagem da equipe com a
qual vai trabalhar e anunciou quinta-feira sua primeira ação à
frente da pasta. Quer distribuir ainda no primeiro semestre 600 mil
tablets a professores da rede pública urbana de ensino médio,
número suficiente para atender a todos os docentes desse nível. A
licitação para a compra dos aparelhos ainda depende de análises
técnicas das propostas vencedoras, mas o ministro já pensa em fazer
a mesma distribuição aos professores do ensino fundamental logo em
seguida. Distribuir tablets aos professores da rede pública
constitui passo importante mas não suficiente. A inclusão digital
é, sem dúvida, uma das urgências nacionais. Sem domínio das novas
tecnologias, a pessoa fica à margem da modernidade — privada de
informações e de oportunidades no mercado de trabalho.
O assunto ganhou tal
relevo que se criou o termo analfabeto digital em analogia ao
analfabeto funcional. Este,
apesar de alfabetizado, é incapaz de ler e escrever textos simples.
Aquele, apesar de dominar o código linguístico nas duas
modalidades, não tem condições de navegar na internet nem de se
beneficiar dos recursos que a rede mundial de computadores
proporciona. Prover as escolas dos modernos recursos tecnológicos é
o caminho para sintonizar a nova geração com o novo paradigma que
se impõe. Mas, embora essencial, deve ser acompanhado de outras
medidas. Uma delas é a qualificação dos professores. Experiências
comprovam que existem resistências no corpo docente. Sobretudo os
profissionais mais velhos — acostumados à didática tantas vezes
repetida — ignoram a necessidade dos avanços. Preferem manter o
certo a apostar no duvidoso. O resultado, surpreendente no primeiro
momento, mostrou-se coerente. A meninada não progrediu no uso dos
novos recursos. Impõe-se, pois, qualificar os mestres. Não
significa apenas ensiná-los a ligar, desligar e acessar esse ou
aquele conteúdo predeterminado. Significa familiarizá-los
de tal forma com a novidade que a internet venha a se tornar
indispensável instrumento para responder a questões, suscitar
perguntas e satisfazer curiosidades.
Outra providência é o
material didático. Escolas da rede privada têm adotado o tablet
como substituto do livro impresso. Em vez de ler no papel, o
estudante lê na tela o mesmo texto. Seria forma de poupar crianças
e adolescentes de carregar pesadas mochilas. Convenhamos: sem
modernizar o sistema, fica-se no faz de conta — muda-se para ficar
na mesma. Encontrar respostas novas e criativas desafia o mundo
desenvolvido e subdesenvolvido. A era digital põe em xeque o modelo
de escola vigente. Crianças sentadas uma atrás da outra, currículo
único, professor expositor, material didático, avaliação de
conteúdo determinado — tudo precisa ser revisto. Novo paradigma se
impõe. Sem ele, o tablet e outros recursos eletrônicos serão mais
do mesmo.
FONTE:
Estado de Minas, 06/02/2012 - Belo Horizonte MG
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