O
Ministro da Educação, Aloízio Mercadante, do PT, anunciou um
aumento de pouco mais de 22% para as quarenta horas semanais
trabalhadas pelos professores de nível médio. Teoricamente, o
reajuste deveria beneficiar todos os Estados brasileiros, por se
tratar de piso salarial nacional aprovado pelo Congresso em 2008 e
convertido em lei federal. Mas a realidade não é bem assim: muitos
Estados não cumprem a lei porque seus governantes alegam não
existir recursos para remunerar os educadores com um salário digno.
Alagoas é uma exceção nesse contexto, já que, no ano passado, o
governador equiparou o salário da rede de ensino público estadual
ao piso nacional, que agora passa para R$ 1.451, retroativo ao mês
de janeiro. É notória a carência de professores no Brasil, segundo
dados coletados pelo próprio Ministério, que registra um deficit de
710 mil profissionais, dos quais 235 mil só no Ensino Médio.
Ao
que tudo indica, o prazer de ensinar já não é tão atraente.
Infelizmente, educação nunca foi prioridade neste País, menos
ainda nos Estados do Nordeste, onde as escolas, em sua maioria, são
sucateadas, entregues ao total abandono. Alunos de Estados e
municípios, em geral, são tratados com desdém, mais parecendo ônus
para os gestores que renegam a obrigação constitucional de
estimular e oferecer condições de educação indistintamente para
todos. Lembremos os casos recentes em Maceió onde escolas, há anos
sem assistência da Secretaria de Educação, quase chegam a provocar
tragédias imperdoáveis. A Escola Municipal Floriano Peixoto, no
distrito de Ipioca, de tão abandonada pela gestão pública está
invadida por bichos peçonhentos, ratos, baratas, escorpiões; o mato
sobe no teto e as salas são sujas, imprensadas, sem circulação de
ar.
Um
analista federal, sem nenhuma pós-graduação, ganha em torno de 8 a
12 mil reais. Um fiscal de renda ganha 16 mil. No Senado Federal,
segundo o Correio Brasiliense, os auxiliares legislativos, como
ascensoristas e motoristas – funções de nível fundamental –,
podem ter o teto da carreira estipulado em quase 17 mil. Um motorista
do Senado ganha mais que um oficial da Marinha para pilotar uma
fragata. O chefe responsável pela garagem, também do Senado, ganha
mais que um oficial-general do Exército. É muito difícil
compreender tamanho disparate. Todas as profissões técnicas,
intelectuais, religiosas, passam pelo professor. Qualquer que seja a
atividade exercida, todas passam pelo professor. É humilhante ser
professor no Brasil!
FONTE:
Jornal Gazeta de Alagoas, 07/03/2012 - Maceió AL, matéria escrita
por Aloísio Alves - publicitário e membro da Academia Palmeirense
de Letras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário