Com o objetivo de alcançar, nos próximos anos, cerca de 500 milhões de
pessoas que ainda estão excluídas do mercado financeiro no mundo, sem
nenhuma conta bancária, a Mastercard vê no Brasil uma praça chave para
se aproximar dessa meta. No foco, além da expansão no uso de cartões
magnéticos, a empresa vê a utilização da telefonia móvel nas transações
de compra como um prometedor nicho a ser explorado por aqui. A
presidente de mercados internacionais da Mastercard, Ann Cairns, afirmou
ontem, durante coletiva de imprensa, que a empresa está entrando com
tecnologia móvel em diversos mercados do mundo.
Cerca
de 30 a 40 milhões de adultos brasileiros ainda não têm acesso ao
dinheiro de plástico, a Mastercard quer trabalhar nessa inclusão
financeira FOTO: DIVULGAÇÃOMastercard, TIM e CaixaNo
Brasil, lançará no ano que vem a tecnologia de ´mobile money´, em
parceria com a operadora TIM e a Caixa. Por meio de uma conta pré-paga
virtual, o assinante da operadora poderá efetuar compras e outras
transações financeiras utilizando o próprio celular ou um cartão
magnético vinculado ao seu número de telefone. A gestão será feita pelo
banco. Além deste projeto, a empresa pensa em ampliar as oportunidades
por meio desta tecnologia. Ainda este ano, será lançado no País, em fase
de testes, o MasterPass, que se tornará operacional no ano que vem.
Cadastro de smartphonesA
ideia é criar uma espécie de carteira digital para smartphones, na qual
vários cartões de créditos podem ser cadastrados pelo cliente e todas
as compras pela internet poderão ser feitas em um clique ou toque
digital.
"A metade da população brasileira não é bancarizada, mas
possui celular. Então, queremos entrar neste mercado, que é uma das
coisas que vai causar muita revolução", analisa Ann.
De acordo
com ela, mercado brasileiro possui um dos maiores índices de prontidão
móvel, que é a propensão dos consumidores para realizarem compras pelo
celular. No ranking mundial que avalia essa tendência, o País se coloca
em 16ª posição. "Eu acho que isso vai pegar no Brasil", afirma. O
presidente da Mastercard para a América Latina e Caribe, Gilberto
Caldard, aponta que o Brasil possui 268 milhões de telefones celulares,
com grande uso da internet por meio deles. "O negócio é juntar isso",
defende. Conforme ele, o País ainda está começando nessa nova
tecnologia, mas a expectativa é de que ela se popularize nos próximos
anos.
Participação brasileiraCaldard
informa que atualmente 19% das transações comerciais feitas no Brasil
são realizadas por meio eletrônicos, sendo que o volume financeiro
movimentado por estes meios chega a 28% do valor total das transações
feitas.
São 670 milhões de cartões no País, entre crédito, débito
e outros, mas, mesmo assim, cerca de 30 a 40 milhões de pessoas, da
população adulta brasileira, ainda não têm acesso ao dinheiro de
plástico.
"Queremos trabalhar nisso, nessa inclusão financeira. A
utilização dos meios eletrônicos reduz tanto a circulação de dinheiro
em espécie e como as fraudes, além do que as pessoas se sentem
incluídas", defende Ann. Ela afirma que 1,5% do Produto Interno Bruto
(PIB) do Brasil é gasto com transporte, movimentação e impressão de
dinheiro vivo, um percentual semelhante ao de vários outros países. "Os
governos precisam pensar na redução do dinheiro em espécie".
Bolsa Família é visto como nicho para a operadora
O
Brasil é hoje o segundo maior mercado mundial para meios eletrônicos de
compra, ficando atrás somente dos Estados Unidos. De olho nisso e
querendo ampliar sua presença no País, a Mastercard avalia a
possibilidade de sua atuação através do programa federal Bolsa Família.
A empresa já realiza parcerias com governos de diversos países e vê nesse programa grandes oportunidades de negócios.
"O
Bolsa Família é um programa muito interessante e há sempre uma coisa a
mais a fazer com tecnologia", declarou a presidente de mercados
internacionais da Mastercard, Ann Cairns.
Ela apresentou
experiências da empresa em parceria com diversos países, como na África
do Sul, e com programas da Organização das Nações Unidas (ONU), que é o
caso da World Food Programe, que era um programa que distribuía
alimentos a refugiados da Síria e que, hoje, faz transferência de
recursos financeiros por meio de cartão, via tecnologia da empresa.
"Nossa missão é buscar soluções tecnológicas que substituam o dinheiro.
Pode ser com cartão, através da telefonia móvel, vamos buscando
soluções", afirma o presidente da Mastercard para a América Latina e
Caribe, Gilberto Caldard.
PossibilidadesComo
o Bolsa Família já utiliza cartão eletrônico, a empresa vê outras
possibilidades para sua inclusão no programa e, entre elas, está a
disponibilização de tecnologia de identificação biométrica, sistemas de
biotecnologia e nisso se inclui a de pagamentos móveis, por meio de
celulares. (SS)
Fonte: Diário do Nordeste. Acessado em 29/10/2013. Matéria do repórter SÉRGIO DE SOUSA
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