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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

PL que desobriga ensino de sociologia e filosofia na escola será modificado


Desde 2008, todas as escolas brasileiras são obrigadas por lei a ensinar sociologia e filosofia durante o ensino médio. Considerado um avanço por muitos professores, a obrigatoriedade estaria ameaçada por um projeto de lei de autoria do deputado federal Izalci Lucas Ferreira (PSDB-DF). Questionado pelo Terra, o parlamentar garantiu, contudo, que vai retirar a proposta do texto, que prevê também outras mudanças.
Ferreira disse ter recebido muitas críticas pelo projeto. Ele esclarece que considera as disciplinas importantes, mas questiona a carga horária dedicada a elas atualmente e explica que o objetivo original de sua proposta era um ensino transversal, de forma que os assuntos de sociologia e filosofia permeassem outras disciplinas. Entretanto, o deputado mesmo ressalta que nem todos os professores de outras licenciaturas possuem formação adequada para lidar com sociologia e filosofia.
O Projeto de Lei (PL nº 6.003/2013) pretende alterar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional em seus artigos 9º, 35º e 36º e propõe, além da questão que envolve as duas disciplinas, aplicar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de forma seriada, em cada um dos três anos dessa etapa, e ampliar a carga horária mínima do ensino médio para 3 mil horas (hoje são 2.400 horas). Com a ampliação, segundo o deputado, seria possível aumentar o número de horas de sociologia e filosofia.
O desejo de ampliar a carga horária e trabalhar com interdisciplinaridade é compartilhado pelo subsecretário de Gestão de Ensino da Secretaria de Educação do Rio de Janeiro e professor de sociologia, Antonio Vieira Neto. `Desejo que as competências de sociologia sejam percebidas em outras disciplinas. Este é o trabalho de integração curricular por área de conhecimento`, afirma. Vieira Neto diz que o conhecimento é algo único e não fragmentado. `A ideia é que o aluno tenha uma visão geral do contexto do conhecimento onde tudo isso esteja integrado`, observa.
Segundo o professor de Sociologia e Filosofia do Colégio Visconde de Porto Seguro de São Paulo, Steevens Beringhs, essas duas disciplinas são importantes por provocarem no aluno uma reflexão crítica. `Não só da sociedade como um todo, mas de si próprio também. Sobretudo, elas trazem subsídios para reflexão enquanto ser humano`, afirma. Vieira Neto diz que as duas disciplinas entraram na matriz curricular para dar uma dimensão social e política do mundo aos estudantes. `Isso serve para dar condições, porque alguns não convivem com isso nas suas próprias casas`, afirma.
Além de trazer o contexto do mundo para escola, Vieira Neto acredita que o conteúdo dessas matérias fazem com que os alunos entendam a sociedade e como ocorre o seu funcionamento. O professor de filosofia do Colégio Estadual Araucária, em Araucária, no Paraná, Ivanildo Luiz Monteiro acredita que suas aulas são os momentos em que os alunos mais têm oportunidade de expor o que sentem. `Eles não têm aquela inibição de dizer o que pensam porque sabem que ali não estão sendo julgados`, diz. Nas suas avaliações, ele prefere trabalhar com seminários, nos quais a turma tem liberdade de participar das discussões. Para a realização da atividade, é orientada uma pesquisa prévia com auxílio de uma bibliografia. Na sua escola, são oferecidas duas horas por semana de filosofia.
Apesar de algumas escolas priorizarem conteúdos tradicionais como matemática e português, com foco nas provas de vestibular, Beringhs enxerga a `dupla` como conteúdos-chave para os processos seletivos, inclusive o Enem. `Elas servem como argumento para as redações, que representam boa parte desse tipo de prova. Além disso, são disciplinas sensibilizatórias, que incitam a reflexão crítica`, aponta.
O interesse do jovem em uma determinada disciplina é muito relativo, acredita o subsecretário. Ele afirma que há uma tendência dos alunos darem maior importância às matérias de português e a matemática, porque essas seriam as grandes dificuldades do ensino médio. Por outro lado, Beringhs diz que a receptividade dos alunos na sala de aula `é a melhor possível`. Ele relata que os estudantes percebem ter uma distância muito grande entre ler o livro didático e o livro original de pensadores, como Roberto DaMatta, por exemplo. `Por serem de uma geração mais crítica, eles encontram na sociologia um caminho para um aprendizado mais autônomo`, afirma.
O professor diz que tem uma condição ideal na escola, onde as disciplinas são oferecidas nos três anos do ensino médio. Além disso, no nono ano do fundamental, a escola oferece aulas que tratam de atualidades e já introduzem os assuntos de filosofia e sociologia. São facultativas, mas a procura é grande, segundo Beringhs

Fonte: Portal Terra Educação - acessado em 17/02/2014.
Foto: Google imagem.

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