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"Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra". (Anísio Teixeira)


sábado, 13 de agosto de 2011

Educação para formar cidadãos e consumidores mais conscientes


Um quarto da população no Brasil tem restrições cadastrais na praça. Quase metade dos brasileiros (44%) pediu dinheiro emprestado nos últimos meses. E três em cada dez pagam somente o valor mínimo da fatura do cartão de crédito quando a situação aperta. Mesmo assim, a maioria dos brasileiros (52%) se autodenomina poupadora. Os dados, levantados pelo Instituto Data Popular, refletem o nível da Educação Financeira da população do país, que, segundo a pesquisa, ainda é baixo. Planejamento financeiro. Orçamento familiar. Investimento. Poupança. Crédito. Juros. Para muitos, palavras como essas soam como de outra língua, muito difíceis de decifrar. Entretanto, elas fazem parte do cotidiano de todas as pessoas e são fundamentais para o desenvolvimento de cada cidadão, e consequentemente, do país. Por isso, a cada dia se faz mais necessário ampliar o acesso à Educação Financeira, principalmente dos jovens. Afinal, eles serão os futuros consumidores do país. Enquanto especialistas defendem que tais conteúdos devem estar presentes em sala de aulas, um programa inédito e piloto do Governo Federal comprova que a Educação Financeira pode melhorar e muito a relação dos estudantes com o dinheiro. Resultados surpreendentes em apenas quatro meses - O programa, realizado pela Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef) do Governo Federal foi implantado em 900 escolas públicas de vários estados brasileiros. Foram - e estão sendo - implantados, no currículo escolar de turmas do ensino médio, casos sobre Educação Financeira em diversas disciplinas. Nas escolas que participaram do programa, mais da metade dos estudantes (51%) possui alguma forma de renda (de trabalho ou recebida dos pais) e aproximadamente 37% trabalham. Entre os pai dos alunos, a conta poupança é pouco utilizada, somente em 44% dos casos. Porém, as taxas de empréstimos são altas e chegam a 89%. Em somente quatro meses de implantação, os primeiros resultados do programa já podem ser observados. Os níveis de conhecimento, atitudes e comportamento financeiro dos estudantes já apresentaram melhora e demonstram que os alunos já estão mais propensos a poupar, administrar suas despesas, conversar com seus pais sobre questões financeiras e ajudar a organizar o orçamento familiar.
"Quando chegamos com o programa em sala de aula, os professores já percebiam a necessidade de transmitir tal conhecimento. O projeto encontrou esse anseio e ajudou a desmistificar o processo financeiro. Recebemos um grande número de relatos que mostram uma efetiva melhora do comportamento dos alunos", afirma  José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação aos investidores da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), integrante da Enef. Segundo o superintendente, havia uma grande expectativa e até esperança que o projeto fosse de fato transformador, porém os resultados obtidos foram surpreendentes. "Quando os primeiros resultados da pesquisa confirmaram tais mudanças, foi sim uma surpresa, porque naquele momento o projeto tinha somente quatro meses de execução", enfatiza. Ainda de acordo com José Alexandre Vasco, o programa vai ser aprimorado, a partir das avaliações realizadas e será universalizado. "Não discutimos mais se a Educação Financeira é útil ou não. Estamos medindo se a metodologia aplicada nesse projeto é adequada ou merece ajustes. A universalização do programa vai acontecer a partir desses ajustes", declara.
Uma política de Estado - O diretor de Educação Financeira da Federação Brasileira de Bancos (Febrabran), Fábio Moraes, instituição que integra a Enef, também acredita que esse tipo de conhecimento deve ser trabalhado em sala de aula. "Com a aumento da renda da população e da complexidade das transações financeiras e principalmente a expansão do crédito que ocorreu nos últimos anos, esse conteúdo se tornou importantíssimo. Formar as crianças hoje é preparar consumidores e cidadãos conscientes amanhã", acredita. Para ele, educar financeiramente crianças e jovens é pensar no futuro econômico do país. "Para que o país cresça de forma sustentável, ele precisa que as pessoas saibam utilizar principalmente o crédito e que conheçam e se preocupem com aspectos ligados à poupança. Enquanto o crédito ajuda a pessoa a ter uma vida melhor, a poupança garante uma vida e uma velhice mais tranquila", explica. Segundo o diretor, no ensino fundamental tais conceitos devem ser transmitidos de forma mais superficial. "Os conceitos de dinheiro e consumo devem criar nas crianças a ideia clara do valor do dinheiro e da importância do controle. Já no ensino médio, para os adolescentes, já é possível falar de orçamento, poupança, pois nessa fase, as pessoas estão prestes a se bancarizar".
De acordo com Fábio Moraes, a sociedade já percebeu que, se não investir em Educação Financeira das crianças e jovens, no futuro teremos consumidores pouco conscientes do uso dos produtos financeiros e o resultado disso será uma situação não sustentável de endividamento das pessoas e do país como um todo. "Esta deve ser uma política de Estado. E  o governo tem se preocupado com essa questão. Por isso, instituiu a Enef no ano passado." Porém, mesmo quem não faz parte de uma das escolas escolhidas para participar do programa da Enef pode ampliar o acesso a Educação Financeira. E as "aulas" podem ser de casa mesmo, ou de qualquer outro lugar, pelo computador. No portal "Meu bolso em dia", criado pela Febraban, qualquer pessoa pode ter acesso a conteúdos sobre produtos financeiros, consumo consciente, gastos, poupança, etc. O portal faz parte do programa de Educação Financeira da Febrabram, a Escola de Cidadania Financeira. Nele, também é possível fazer o download gratuitamente do Jimbo, um software destinado às famílias, para que façam orçamento e controlem gastos e poupança. A instituição também realiza a "Caravana Meu Bolso em Dia", uma feira que leva Educação Financeira a população de forma geral.
Pesquisa revela grau de Educação Financeira no país - De acordo com a pesquisa da Enef, realizada pelo Instituto Data Popular, para as pessoas, o consumo significa inclusão, status e melhora na autoestima. Segundo os entrevistados, promoções e facilidades de pagamento são as principais tentações para o consumo. Conforme os dados levantados, no país, existe uma preferência pelo consumo imediato, financiado pelo crédito. Os brasileiros, principalmente aqueles com menos anos de estudo, nem sempre atentam para o valor dos encargos financeiros cobrados.
Neste grupo, por exemplo, há pouca compreensão do efeito dos juros sobre o orçamento. Para boa parte destas pessoas, não é a quantidade de juros embutidos que determina a compra, e sim se aquela parcela cabe na renda do comprador ("cabe no bolso"). Apesar de, segundo as respostas, 44% dos entrevistados declararem que eles ou alguém da família investem dinheiro todo mês, os entrevistados acreditam que o ato de comprar - um carro, ou casa, ou até mesmo um computador, eletrodomésticos e roupas - é um investimento. Das pessoas que poupam dinheiro, a poupança ainda é a principal aplicação (corresponde a 78%). Porém, o índice daqueles que investem neste tipo de conta diminui de acordo com a escolaridade. Quanto mais formação, mais diversificadas são as formas de investimento. Já entre aqueles que não possuem nenhum tipo de investimento, a grande maioria (85%) é das classes C e D. Estas pessoas afirmam não ter dinheiro disponível para isto. O desconhecimento de como se dão as transações financeiras e a desconfiança das instituições também influenciam tal decisão.
Para acessar o portal meu bolso em dia - clique aqui e fique em dia com a Educação Financeira tão importante para a manutenção da tranquilidade de nosso bolso e de nossas vidas.
FONTE: Folha Dirigida, 09/08/2011 - Joyce Trindade

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